Aumento da demanda interna está sendo atendido por importações, diz BC
SÃO PAULO – O aumento do consumo no Brasil está sendo totalmente suprido por produtos importados, segundo o Banco Central. No Relatório de Inflação, divulgado nesta quinta-feira, a autoridade monetária ressalta que a participação dos importados na demanda adicional por bens industriais subiu de cerca de 40% em 2008 para 100% em 2011, indicando que o crescimento nas vendas do comércio não está sendo acompanhado pela produção industrial.
Nesse intervalo, o consumo aparente (tudo que é produzido no Brasil mais o que é importado, descontadas as exportações) de bens industriais cresceu 16,7%, acima da expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no período, que foi de 15,8%.
O consumo de bens de capital aumentou 44,3% no período, sendo que metade desse crescimento foi atendida por produtos importados. De 2008 a 2011, as importações de bens de capital subiram 87,5%, de acordo com o Banco Central. Para a autoridade monetária, o aumento no consumo de bens de capital deriva das medidas de incentivo lançadas pelo governo nos últimos anos, do otimismo do empresariado, das melhores condições de crédito e da apreciação do real.
As melhores condições de crédito, aliadas ao fortalecimento do mercado de trabalho, também beneficiaram o segmento de bens duráveis, cujo consumo aumentou 21,8% entre 2008 e 2011. Entretanto, o Banco Central chama a atenção para o fato de que a produção interna desses produtos aumentou apenas 5% no período, respondendo por 5,1 pontos percentuais do aumento da demanda. Já as importações de bens duráveis aumentaram 167,2% no período, contribuindo com aproximadamente dois terços do aumento total do consumo no quadriênio.
A demanda por bens não duráveis, que é menos sensível ao crédito, aumentou 8,7% entre 2008 e 2011. Nesse segmento, as importações tiveram elevação de 62,3% e responderam por 2,2 pontos percentuais do aumento do consumo. Embora tenha sido ampliada em apenas 5%, a produção interna contribuiu com 5,3 pontos percentuais do aumento do consumo.
Pelos cálculos do Banco Central, a demanda doméstica por bens industriais cresceu num ritmo médio de 3,9% ao ano entre 2008 e 2011.