Importações desaceleram em janeiro

Importações começam a desacelerar

 
Por Rodrigo Pedroso, Lucas Marchesini e Marta Watanabe | De São Paulo e Brasília | Valor Econômico
 
Descontada a compra de uma plataforma de petróleo de US$ 379 milhões da China (fato que não deve se repetir com frequência), as importações caíram 1,6% no mês passado, ao invés do crescimento de 0,4% frente a janeiro de 2013 divulgado ontem pelo governo. A conta “limpa” mostra que a desvalorização cambial está desacelerando as importações, dizem os especialistas. Com o registro da plataforma, a balança comercial teve o pior déficit mensal da sua história, de US$ 4,05 bilhões.

A desvalorização do real frente ao dólar também não está melhorando a rentabilidade das exportações. No ano passado, essa rentabilidade teve crescimento praticamente irrelevante, de apenas 0,2% em relação a 2012, de acordo com a Funcex. Em alguns setores, como produtos alimentícios, agricultura, pecuária e extração de petróleo, houve perda de rentabilidade, o que neutralizou os ganhos obtidos por outros segmentos, como o de fabricantes de manufaturados.

Crise impacta diretamente o comércio exterior

OMC reduz projeção de avanço do comércio global para 2,5% neste ano

SÃO PETERSBURGO  –  O comércio mundial deve crescer apenas 2,5% em 2013 – ante a previsão de alta de 3,3% de abril – por causa da fragilidade persistente da economia global, revelou hoje o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC ), Roberto Azevêdo.

Para 2014, a OMC anunciará na segunda-feira uma revisão para baixo na projeção de crescimento do comércio global. A expectativa para o próximo ano é de alta de 4,5%, comparados aos 5% estimados em abril. “As projeções são ligadas ao crescimento da economia global”, afirmou Azevêdo.

Não apenas os países em desenvolvimento se recuperam lentamente, como os emergentes sofreram uma desaceleração econômica. A demanda global continua mais fragilizada do que o esperado e as tendências protecionistas ainda deixam autoridades inquietas.

Apesar de queda no volume, Brasil se torna o 4º maior destino de investimentos estrangeiros

Brasil se transforma no 4o maior destino de investimentos do mundo

GENEBRA – O Brasil supera todos os países europeus e se transforma no quarto maior destino de investimentos do mundo em 2012, um ano que entrará para a história como o primeiro a ver economias emergentes recebendo mais investimentos que países ricos. Os dados foram publicados hoje pela ONU, que revela uma queda brusca de 18% no fluxo de investimentos no mundo, puxados pela retração nos países ricos.

Para 2013, a ONU estima que haverá um crescimento dos investimentos da ordem de 7% a 8%, para um volume de US$ 1,4 trilhão. “Mas os riscos ainda são muito grandes. Por enquanto, os problemas da economia internacional foram contidos, mas não resolvidos”, declarou. Em 2014, a alta mundial será de 17%, sempre na condição de que a crise seja resolvida.

Sentados sobre US$ 6 trilhões, as multinacionais simplesmente fecharam suas torneiras em 2012, esperando uma definição política da crise do euro e aguardando dias melhores para a economia mundial. Com a hesitação das grandes empresas e uma queda na renda, países ricos registrara uma queda de 37% nos investimentos.

Segundo os dados da ONU, o fluxo de investimentos externos ao Brasil também caiu em comparação a 2011. Mas em apenas em 2% e bem inferior à média mundial. No total, o País recebeu US$ 65,3 bilhões neste ano, contra US$ 66 bilhões em 2011.

Apenas Estados Unidos, China e Hong Kong receberam mais investimentos que o Brasil em 2012. Em 2011, o Brasil havia sido o quinto colocado como maior destino de investimentos. Em 2010, a economia nacional ocupava a sétima posição.

Dois fatores que pesaram para a posição do Brasil. O primeiro seria o incentivo dado pelo governo, por meio de políticas industriais, que estão atraindo multinacionais. Outro fator que poderia ter pesado de forma positiva foi o esforço de empresas de saltar barreiras impostas pelo governo e conseguir um melhor acesso ao mercado doméstico nacional.

Com o resultado, o Brasil superou tradicionais destinos de investimentos, como França, Reino Unido, Alemanha e Japão.

Os resultados do Brasil ajudaram a criar uma nova realidade internacional. Segundo os dados, 52% dos fluxos de investimentos em 2012 foram direcionados aos emergentes.

A China continua sendo o segundo maior destino, recebendo em 2012 mais de US$ 120 bilhões. Se somado o investimento recebido pela China e por Hong Kong, a potência asiática teria recebido um volume maior de dinheiro que os Estados Unidos.

Queda

Mas se a situação entre os emergentes é relativamente estável , os dados nos países ricos mostram uma realidade considerada como preocupante pela ONU.

Com a redução global de 18%, os níveis totais de investimentos chegaram a apenas US$ 1,3 trilhão, próximo do ponto mais baixo dos últimos dez anos. Em 2009, o pior ano para a economia mundial desde 1929, os investimentos haviam somado apenas US$ 1,2 trilhão.

Só na Europa US$ 150 bilhões desapareceram nos investimentos, contra uma queda de US$ 80 bilhões nos EUA.

Na Alemanha, a entrada de investimentos caiu de US$ 40 bilhões para apenas US$ 1 bilhão. Na Itália, a redução foi de 84% nos investimentos, somando meros US$ 5 bilhões. O volume de investimentos que chegou na Itália é inferior ao Peru, Nigéria ou Tailândia.

Na Espanha, investimentos externos sofreram uma contração de 40%. Hoje, a economia espanhola já recebe menos capital que Indonésia ou México.