Déficit na balança comercial

País tem maior déficit em conta corrente em 13 meses

Saldo negativo em janeiro foi de US$ 5,4 bilhões, refletindo a demanda doméstica crescente por bens e serviços importados

23 de fevereiro de 2011 | 10h 42

Adriana Fernandes e Fabio Graner, da Agência Estado

BRASÍLIA – A conta de transações correntes do balanço de pagamentos do Brasil com o exterior apresentou em janeiro um déficit de US$ 5,409 bilhões. O resultado foi divulgado nesta quarta-feira, 23, pelo Banco Central e é o maior déficit em transações correntes desde dezembro de 2009, refletindo a demanda doméstica crescente por bens e serviços importados. Em janeiro de 2010, as contas de transações correntes registraram um déficit de US$ 3,821 bilhões.

O déficit ficou dentro da projeção feita pelo BC no mês passado, que estimou 5,5 bilhões de dólares. No acumulado de 12 meses, o déficit em transações correntes soma US$ 49,1 bilhões, o equivalente a 2,35% do PIB.

Lucros e dividendos

As remessas de lucros e dividendos somaram US$ 1,879 bilhão em janeiro, de acordo com dados divulgados há pouco pelo Banco Central. No primeiro mês de 2010, as remessas somaram US$ 821 milhões. O déficit com juros foi de US$ 1,829 bilhão no mês passado, volume ligeiramente menor do que o US$ 1,903 bilhão do mesmo período do ano passado.

Retorno de investimentos

As contas externas divulgadas pelo Banco Central apontam um retorno para o País, no mês de janeiro, de investimentos brasileiros feitos no exterior de US$ 6,292 bilhões. Em janeiro do ano passado, ao contrário, houve uma saída de investimentos brasileiros para o exterior de US$ 1,418 bilhão.

A previsão do BC é de que os investimentos brasileiros diretos no exterior, em 2011, somem US$ 16 bilhões. Em 2010, os investimentos brasileiros diretos no exterior somaram US$ 11,5 bilhões.

Taxa de rolagem

A taxa de rolagem de empréstimos de médio e longo prazo contratados por empresas do Brasil no exterior em janeiro foi de 237%. No mesmo mês do ano passado, essa taxa estava em 527%. Enquanto os desembolsos dos empréstimos somaram US$ 4,714 bilhões, as amortizações foram de US$ 1,992 bilhão.

A taxa de rolagem dos empréstimos do setor privado foi de 965%. No segmento do setor privado, a taxa de bônus de notes e commercial papers foi 2126% e empréstimos diretos de 346%. A taxa de rolagem dos empréstimos do setor público foi de 47%.

A dívida externa em janeiro, segundo os dados do Banco Central, teve um aumento de US$6,2 bilhões, atingindo US$ 261,4 bilhões. A dívida externa de longo prazo ficou em US$ 199,7 bilhões e a de curto prazo somou em janeiro US$ 61,7 bilhões.

Déficit na balança atinge grandes exportadores

Rombo atinge tradicionais exportadores

Além dos prejuízos dos setores normalmente deficitários na balança, resultado negativo aumentou no setor de transporte e têxtil

14 de janeiro de 2011
Raquel Landim – O Estado de S.Paulo

Dos 20 setores industriais avaliados pelo governo, metade teve déficit nas transações com o exterior em 2010. Os maiores prejuízos foram obtidos por setores tradicionalmente deficitários, mas segmentos com tradição exportadora também começam a registrar saldo negativo.

 

Em material de transporte, o déficit triplicou de US$ 1,2 bilhão em 2009 para US$ 3,6 bilhões em 2010, conforme o Ministério do Desenvolvimento. No ano passado, o Brasil registrou um déficit de 158 mil veículos na sua balança comercial.

Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontam que os carros importados já representam 18,8% dos veículos licenciados no País. O perfil das compras demonstram que as importações não se restringem mais a produtos de luxo.

No setor têxtil, o déficit subiu de US$ 1 bilhão para US$ 1,9 bilhão. Conforme cálculo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), que exclui a exportação de algodão, o déficit chegou ao recorde de US$ 3,5 bilhões. O setor está cobrando providências urgentes do governo. “Não dá para ficar mais discutindo um problema que é muito conhecido. O novo governo tem de implementar medidas já”, disse Fernando Pimentel, diretor-executivo da Abit.

Os piores rombos seguem nos setores de máquinas, material elétrico e de comunicações e químico. Conforme dados do ministério, os déficits desse setores atingiram, respectivamente, US$ 17,4 bilhões, US$ 17,1 bilhões e US$ 11,9 bilhões.

No setor elétrico e eletrônico, o problema é estrutural, porque o Brasil praticamente não produz componentes. Graças ao forte crescimento do consumo, as vendas de produtos eletrônicos seguiram avançando em 2010, o que exigiu forte aumento das importações de componentes.

Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), conta que o setor está envolvido na discussão da próxima política industrial em gestação pelo governo Dilma Rousseff. “A política industrial traz efeitos. Mas se nada for feito para desvalorizar o câmbio, não vai adiantar”, disse.

No setor de bens de capital, o déficit também é recorde. Cristina Zanella, gerente de economia da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), destaca o forte avanço chinês. A participação da China nas importações de máquinas saiu de 2% em 2004 para 13% no ano passado.
Raio X

US$ 17,4 bi
foi o déficit do setor de máquinas e equipamentos, o maior rombo da balança, seguido
pelo setor de material elétrico e de comunicações, com déficit de US$ 17,1 bilhões e pelo setor químico, com US$ 11,9 bilhões

US$ 3,6 bi
foi o déficit no setor de transportes em 2010, o triplo do US$ 1,3 bilhão registrado em 2009

US$ 1,9 bilhão
foi o déficit em 2010 do setor têxtil; no ano anterior, o déficit havia sido de US$ 1 bilhão

 

Ano começa com déficit na balança comercial

Início do conteúdoBalança comercial tem déficit de US$ 486 mi na 1ª semana de janeiro

Em relação à média diária de embarques de janeiro do ano passado, houve queda de 1,6%, enquanto ante dezembro o recuo foi de 38,8%

Eduardo Rodrigues, da Agência Estado

BRASÍLIA – A balança comercial brasileira começou 2011 com déficit de US$ 486 milhões na primeira semana de janeiro, de acordo com dados divulgados há pouco pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Entre os dias 1 e 9 do mês, as exportações somaram US$ 2,781 bilhões, com média diária de US$ 556,2 milhões, enquanto as importações chegaram a US$ 3,267 bilhões, com média de US$ 653,4 milhões.

Em relação à média diária de embarques de janeiro do ano passado, houve queda de 1,6%, enquanto ante dezembro o recuo foi de 38,8%. Nas importações, o valor foi 13,8% superior à média registrada no mesmo mês de 2010 e 3,4% inferior ao apurado em dezembro passado.