Importação de veículos: cotas mexicanas no limite

Cota para importar carro do México chega ao limite

Pelo menos duas montadoras de automóveis no Brasil já esgotaram a cota de importações de carros do México ou têm, no máximo, o suficiente para trazer ao Brasil apenas um veículo, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento obtidos pelo Valor. Em março, para conter o crescimento das importações, a presidente Dilma Rousseff ordenou a renegociação do acordo automotivo entre Brasil e México, que permitia o livre comércio de automóveis entre os dois países e impôs cotas de importação. Neste ano, porém, as importações de carros continuaram subindo, e, de janeiro a agosto, já aumentaram, em quantidade, 108% acima do mesmo período do ano passado. Em valor, o aumento foi de 93%.

Na negociação com os mexicanos, foi fixado o limite de US$ 1,45 bilhão para as importações originadas do México de março de 2012 a março de 2013, e cada montadora recebeu uma cota individual. De janeiro a agosto deste ano, as importações de autoveículos (carros, ônibus, caminhões), já somaram US$ 2 bilhões. As empresas que superaram o valor das cotas só podem trazer carros ao país pagando tarifa de importação de 35% e adicional de dez pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

O total de importações de automóveis mexicanos trazidos ao país fora da cota, com pagamento de imposto adicional, já soma US$ 164 milhões. Esses carros só não chegarão mais caros ao consumidor, se a empresa decidir absorver, no preço, o custo do imposto cobrado a mais. Caso as montadoras decidam repassar o imposto aos preços no varejo, consumidores podem ser surpreendidos: algumas montadoras, alegando falta de carro em estoque, estão vendendo automóveis para entrega até em dezembro, com cláusulas nos contratos que obrigam os compradores a pagar mais do que preço atual, em caso de reajuste no valor dos carros.

As montadoras pressionam o governo para renegociar as cotas, o que está, até agora, fora dos planos da equipe econômica. O acordo renegociado em março já prevê um aumento progressivo do limite total de importação, que passará a US$ 1,56 bilhão em março de 2013 e US$ 1,64 bilhão em março de 2014. As montadoras também tiveram previsão de aumento progressivo no número de veículos que cada uma poderá trazer ao país.

Quando a presidente Dilma ordenou o cancelamento do acordo automotivo com o México, estava incomodada porque a importação de carros do país pelo Brasil havia aumentado 70%, em valor, em todo o ano de 2011.

O ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, chegou a informar aos mexicanos que, como previa o acordo, o governo iria cancelar o livre comércio de automóveis com o México a partir de 2013. A pedido do presidente mexicano, Felipe Calderón, a presidente Dilma voltou atrás e aceitou renegociar os termos do acordo, que resultou nas cotas de importação.

Entre janeiro e agosto, entraram no Brasil 136,4 mil automóveis fabricados pelo México, mais que os 134,6 mil importados em todo o ano de 2011 e os 75 mil de 2010. Já foram registrados, em julho, casos de empresa que pediram licença de importação com as vantagens do acordo automotivo (sem imposto) acima do que permitia a cota e tiveram o pedido rejeitado.

Nos primeiros oito meses do ano, enquanto aumentavam as compras de carros do México, beneficiadas pelo acordo automotivo com o país, caíam as importações totais de automóveis. Desde janeiro, o governo brasileiro passou a cobrar um adicional de 30 pontos percentuais de IPI aos carros importados, isentando apenas montadoras com planos de investimento ou produção no país. A queda total nas importações de automóveis, de janeiro a agosto, em comparação com o mesmo período do ano passado, foi de 6,4% em valor e de 17% em volume.

Outros produtos, além de automóveis e veículos comerciais leves têm sido beneficiados pelo comércio automotivo com o México, que foi superávitário para o Brasil até 2010, quando os mexicanos passaram a ter superávit. A importação de autopeças originadas no México cresceu quase 33% de janeiro a agosto (em comparação aos primeiros oito meses de 2011); a de máquinas rodoviárias, quase 185%; e a de máquinas agrícolas, 266%.

Segundo apurou o Valor, nem todas as empresas que importam automóveis pagando adicional de imposto esgotaram a cota, porém, mas algumas decidiram, sem informar o motivo ao governo, trazer carros com a tributação, sem a isenção garantida pelo acordo automotivo. A redução do IPI no setor, neste ano, facilita a absorção do custo das importações de automóveis fora da cota.

Para um graduado integrante do governo, o pedido de renegociação das cotas feito pelas montadoras contraria a intenção oficial de estimular a produção de automóveis no país. A criação de um adicional no IPI dos automóveis importados, no fim de 2011, teve o objetivo de desestimular as importações e forçar as empresas a transferir a produção para o território brasileiro.

O principal alvo da barreira foram os carros chineses e, por força do acordo do Mercosul, o governo teve de isentar do aumento os carros com importação originada na Argentina e no Uruguai. Dilma irritou-se, porém, ao notar que o acordo com o México permitiu a montadoras – que reivindicaram a proteção contra os importados – trazer veículos do país, em escala crescente.

 

Argentina continua criando barreiras às importações

Argentina vai controlar importação das mineradoras

BUENOS AIRES – Companhias mineradoras com operações na Argentina terão de submeter seus pedidos de importação de bens ao governo com 120 dias de antecedência e criar um departamento de “substituição das importações” para elevar as compras de bens argentinos, informou nesta segunda-feira, 28, o Ministério do Planejamento.

De acordo com a nota do governo, as companhias mineradoras terão de apresentar trimestralmente suas estimativas de necessidades de compras, que serão examinadas por um grupo especial de trabalho do Ministério da Mineração.

As novas medidas ocorrem em meio a uma série de barreiras formais e informais às importações lançadas pelo governo da presidente Cristina Kirchner até agora neste ano. As barreiras têm como objetivo preservar as reservas internacionais do Banco Central ao limitar a importação de bens e serviços e proteger as indústrias locais da concorrência dos importados mais baratos.

Essas barreiras, no entanto, vêm gerando um intenso atrito entre a Argentina e seus parceiros comerciais. Desde fevereiro, as companhias precisam obter uma aprovação prévia de várias agências do governo para poderem importar bens e serviços, o que provocou uma acentuada queda nas compras externas.

Em abril, a Argentina registrou um superávit comercial de US$ 1,83 bilhão, contra um superávit de US$ 1,08 bilhão registrado em março, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (Indec). As importações caíram 14% ao ano para US$ 4,86 bilhões em abril, enquanto as exportações recuaram 6% para US$ 6,69 bilhões.

Na sexta-feira, 25, a União Europeia apresentou uma queixa junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as novas regras de importação argentina. As autoridades europeias também estão furiosas com a decisão tomada pela Argentina no mês passado de expropriar quase todos os ativos da espanhola Repsol na companhia de petróleo e gás YPF.

A reestatização da YPF teve um impacto em todo o setor de mineração na Argentina. A brasileira Vale, por exemplo, está no momento reconsiderando seu plano de US$ 6 bilhões para o desenvolvimento de um projeto de fertilizante no Rio Colorado. Em recente entrevista, o executivo-chefe da companhia, Murilo Ferreira, justificou a decisão citando a reestatização da YPF e a escalada de inflação para ao redor de 30% ao ano.

Embora os projetos de mineração desfrutem de amplo apoio dos governos regionais, como os de San Juan e Santa Cruz, esses investimentos frequentemente enfrentam uma forte resistência dos ambientalistas.

Cerca de oito províncias proibiram a mineração a céu aberto e o uso de produtos químicos comuns na atividade, como o cianeto, efetivamente inviabilizando projetos de mineração de larga escala.

Ao mesmo tempo, uma severa lei federal de proteção das geleiras ameaça suspender um número de projetos ao limitar a atividade econômica em áreas próximas aos glaciares.

(Dow Jones Newswires)

Proposta brasileira é rejeitada pelo México

México rejeita proposta de limitar exportação de veículos ao Brasil

BRASÍLIA – O México não aceitou os termos propostos pelo governo brasileiro para limitar as exportações de veículos mexicanos ao Brasil a US$ 1,4 bilhão por ano até 2015. E também ignorou o prazo estabelecido para a conclusão das negociações entre os dois países envolvendo o comércio de veículos – que, pelo Brasil, teria acabado nesta sexta-feira. As negociações entre os dois países, portanto, voltaram à estaca zero.

Segundo afirmou uma fonte do governo brasileiro ao Valor, o cenário tem “o Brasil insatisfeito com a invasão de veículos mexicanos de um lado, e, do outro, o México incomodado com a forma escolhida pelo governo brasileiro para negociar a questão”.

O governo brasileiro enviou na quinta-feira carta aos líderes mexicanos estabelecendo o limite de exportações anuais de veículos a US$ 1,4 bilhão, volume US$ 1 bilhão inferior à média anual dos últimos três anos. Na carta, os negociadores brasileiros do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) também estabeleciam como prazo limite para as negociações o dia 9 de março. Os mexicanos não gostaram. De maneira informal já deixaram claro que discordam tanto do patamar estabelecido por Brasília quanto à forma de negociação – o envio de carta.

Itamaraty e o ministério não vão se pronunciar até o que o governo mexicano responda formalmente ao governo brasileiro, o que deverá ocorrer na segunda-feira.

(João Villaverde | Valor)

Isenção de IR para remessas de até R$ 20 mil ao exterior

Receita isenta do IR remessas de até R$ 20 mil para viagens

A Receita Federal vai isentar do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) remessas de até R$ 20 mil ao exterior para despesas com hotéis, passagens aéreas, estudos, competições esportivas e tratamento de saúde de residentes no Brasil, entre outros gastos com viagens. A resolução foi publicada na quinta-feira no Diário Oficial da União.
De acordo com a instrução normativa 1.119, o teto é válido para o domiciliado no Brasil e seus dependentes que realizarem a viagem. Pessoas jurídicas residentes no País também terão o mesmo limite, para cobrir gastos com empregados em viagens de negócios.Já as agências de viagem terão limite de remessas ao exterior de até R$ 10 mil por passageiro, para até mil passageiros por mês.”
A isenção vai possibilitar, ao residente no Brasil, a diminuição das despesas com viagens ao exterior compradas em agências de viagens sediadas no Brasil, tornando os pacotes turísticos vendidos no País, mais competitivos em relação aos pacotes vendidos no exterior por agências de turismo estrangeiras”, afirmou a Receita em nota à imprensa.
Fonte: Portal Terra