Sheik é absolvido pelo crime de ‘importação de veículo usado’

Emerson Sheik é absolvido de processo de contrabando de veículos

Justiça Federal profere sentença em benefício do atacante do Corinthians. O Ministério Público Federal já recorreu da decisão

Por GLOBOESPORTE.COM

(Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)

Emerson Sheik, do Corinthians, foi absolvido em primeira instância pela Justiça Federal no processo em que é acusado de contrabando de veículo e lavagem de dinheiro. A sentença foi proferida pelo juiz Fabrício Antonio Soares, da 3ª Vara Federal Criminal. O Ministério Público Federal já recorreu da decisão. De acordo com o MPF, o procurador da República Sérgio Pinel alega em seu recurso que o jogador Emerson tinha conhecimento de estar importando ilegalmente o veículo, uma vez que pagou um valor muito abaixo do de mercado no automóvel. O MPF pede que Emerson Sheik seja condenado por contrabando do veículo, sujeito a pena de um a quatro anos de reclusão, mas não recorreu da absolvição pelo crime de lavagem de dinheiro, por não ter sido requerida a condenação por esse delito.

No mesmo processo, o MPF havia denunciado também o volante Diguinho, do Fluminense, pelo crime de receptação por ter comprado de Emerson a BMW abaixo do valor de mercado.  Porém, por não possuir condenações anteriores e não ser réu em outras ações judiciais, o jogador teve o benefício da suspensão condicional do processo.

Na sentença, disponível no site da Justiça Federal, o juiz conclui que não há provas para condenar o jogador. O texto diz que o MPF “destacou que a autoria desses crimes encontra-se evidenciada em virtude da gritante diferença entre os valores da importação e os valores de mercado; de o pagamento não ter se dado em nome da empresa que emitiu a nota fiscal; de a importação ter sido realizada em nome do seu amigo Caetano e das circunstâncias em que ocorreu a venda de um dos veículos para o co-réu. Asseverou que está também comprovada a materialidade e a autoria do crime de receptação, tendo em vista a grande diferença entre o valor constante da nota fiscal e o valor pago por Rodrigo Oliveira Bittencourt (Diguinho), além de outras circunstâncias relacionadas à compra do veículo“.

O juiz da 3ª Vara Federal Criminal, no entanto, conclui:

“Contra o réu há apenas a discrepância entre o valor de mercado do veículo à época (R$ 324.125,00, conforme fl. 478) e o valor que consta da nota fiscal (R$ 200.000,00, conforme fl. 23). Entretanto, a transferência bancária para FUN RIDES é de valor superior (US$ 61,480.00) ao anunciado pela concessionária BMW nos EUA (US$ 57,375.00). Deve-se considerar ainda que o valor comprovadamente pago por Rodrigo Oliveira de Bittencourt ao réu (fls. 36/38), pela compra do automóvel (R$ 315.000,00), é muito aproximado do valor de mercado. Contudo, consta da nota fiscal os mesmos R$ 200.000,00 (fl. 25), o que denota que Marcio Passos de Albuquerque realmente não sabia o valor que constava da nota. Por essas razões, entendo não existir prova suficiente para a condenação“.

Em 2012, o Ministério Público Federal denunciou o atacante Emerson Sheik, cujo nome que consta no processo é Marcio Passos de Albuquerque, por contrabando e lavagem de dinheiro na aquisição de um veículo de luxo importado dos Estados Unidos. O carro foi comprado em outubro de 2010. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM em março deste ano, o atacante do Corinthians falou sobre a situação e disse que provaria a inocência.

– Sabe o que não é legal? É você ser acusado de alguma coisa que não fez. Mas cabe aos meus advogados provarem que não fiz. Eu confio que a justiça brasileira não vai falhar. Minha história de vida diz isso. Eu tive a oportunidade de entrar num mercado e pegar algo para comer quando garoto, mas não fiz. Agora depois de ser grande, de ser pai, eu vou me envolver com uma coisa dessas? – disse Emerson, na ocasião.

Ministério Público diz que há provas contra o jogador

Em comunicado oficial emitido nesta quarta-feira, o MPF argumenta que “na compra da BMW, Emerson efetuou o pagamento diretamente à empresa exportadora localizada nos Estados Unidos, apesar do veículo ter sido importado através da empresa brasileira Euro Imported Cars, que emitiu nota fiscal com valor abaixo do valor de mercado. O jogador não apresentou explicação para o fato de o pagamento não ter sido feito à empresa brasileira, nem tampouco o motivo pelo qual o valor pago era muito inferior ao valor de mercado. O esquema de importação de automóveis usados pela Euro Imported Cars foi descoberto durante as investigações da operação Black Ops, que desarticulou uma organização criminosa ligada à máfia dos caça-níqueis em outubro de 2011“, diz o comunicado do MPF“.

– A importação do veículo pelo réu se deu de maneira atípica. Para o MPF, há provas nos autos de que o réu tinha conhecimento de que a importação era ilícita – disse o procurador Sérgio Pinel.

Juiz Federal recebe denúncia contra jogadores por contrabando e lavagem de dinheiro

Emerson ‘Sheik’ será julgado por contrabando e lavagem de dinheiro nas próximas semanas

Por Gabriela Moreira, do Rio de Janeiro (RJ), para o ESPN.com.br
Agência Estado

Em meio à final da Libertadores, o atacante Emerson “Sheik”, do Corinthians, terá motivos extra campo para se preocupar. Apesar de todas as tentativas, seus advogados não conseguiram vencer a Justiça Federal, que decidiu que o jogador vai ter de se sentar no banco dos réus. Enquanto o clube paulista se concentra para a partida decisiva com o Boca Juniors, na próxima quarta, Emerson terá de separar algumas horas para pensar a estratégia de defesa que pode evitar sua condenação por contrabando e lavagem de dinheiro. O julgamento ocorrerá na semana seguinte à decisão.

No processo, do qual também é réu o meia Diguinho, do Fluminense, o jogador responde pela compra de duas BMWs modelos X6, importadas ilegalmente dos Estados Unidos. As importações teriam sido feitas em parceria com acusados de serem bicheiros no Rio de Janeiro e em Vitória, no Espírito Santo. De acordo com as investigações da Polícia Federal e da Receita Federal, Emerson trouxe carros usados para o Brasil fazendo parecer que se tratavam de veículos novos.

Em caso de condenação, a pena para ambos os crimes é de prisão, de no mínimo quatro anos, podendo chegar a 14 anos. Os advogados Itamar Gomes de Jesus e Ricardo Cerqueira, de Diguinho e Emerson, respectivamente, foram procurados pela reportagem do ESPN.com.br, mas não retornaram as ligações.

As investigações mostraram que em uma das compras, Emerson depositou o dinheiro diretamente na conta do israelense Jehuda Kazzabi. UDI, como é conhecido, é morador de Miami, nos Estados Unidos, e apontado como um dos chefes da quadrilha, que tinha ramificações em 12 estados brasileiros. Para recebimento da BMW, no entanto, foi usada a concessionária de outro bicheiro, o Haylton Scafura, a Euro Imported Cars. Foragido desde outubro do ano passado, ele foi preso no início do mês, num condomínio na Barra da Tijuca.

As transações de Emerson estão comprovadas no processo através de escutas telefônicas e levantamentos financeiros feitos pela Receita Federal. Emerson é citado em diversos trechos do processo. Num deles, numa escuta telefônica, o israelense UDI reclama da compra feita pelo jogador, pois, por conta da transação, sua agência de carros fora alvo de inspeção da polícia americana.

Diguinho 

O meia Diguinho entra no processo como beneficiário do esquema. Segundo as investigações, uma das BMWs compradas por Emerson tinha como destino final o jogador do Fluminense, à época, colega de clube de Sheik. No Brasil, a BMW X6, quando zero, é avaliada em cerca de R$ 300 mil, mas foi declarada pelo corintiano por R$ 200 mil. Após três meses com o carro, o atleta vendeu o bem para Diguinho, alegando à Justiça que não gostou da cor do estofado.

Para tentar “burlar” a fiscalização os jogadores, segundo a Justiça, criaram uma “cadeia artificial de compra e venda” do veículo, chegando a emitir cinco notas fiscais entre eles e a loja que importou a BMW.

Confira a transação entre eles:
29/10/2010 — Emerson compra a BMW da Rio Bello por R$ 200 mil (Nota Fiscal 12).
20/12/2010 — Ele devolve o carro à loja e recebe a quantia de R$ 160 mil (Nota Fiscal 30). No mesmo dia, Diguinho compra a BMW por R$ 200 mil (Nota Fiscal 31).
10/01/2011 — Ele devolve o carro (Nota Fiscal 34). Horas depois, compra novamente (Nota Fiscal 35).

Ainda de acordo com o processo, o carro dos jogadores demorou sete meses para chegar ao Brasil

Veja o caminho do carro de Emerson e Diguinho: 

1) O jogador Emerson “Sheik” encomenda uma BMW X6 à Euro Imported Cars, no Rio (de propriedade do bicheiro Haylton Escafura).

2) A Sunbelt BMW (agência americana) tem um veículo à disposição e o negocia com a Fun Rides (agência americana de carros usados).

3) Apesar de o carro ter sido anunciado por U$ 57,3, as investigações só encontram depósito no valor de U$ 5 mil, no dia 12/07/10, da Fun Rides na conta da Sunbelt.

4) A formalização da venda, no entanto, é feita com uma terceira loja a Limo Depot (agência americana de carros novos), por valor menor do que o carro fora anunciado: U$ 49,9, no dia 4/08/10.

5) Em 15/08/10 é registrada uma comunicação de venda do carro para exportação, para a Euro Imported Cars (agência de Escafura), no valor de U$ 61,4

6) Em 7/10/10, PBMK International Inc (americana) se declara às autoridades marítimas como empresa responsável pela importaçao do veículo. Apesar de na Declaração de Importação constar outra empresa como responsável, a Rio Bello Com Imp e Exp LTDA (que é brasileira).

7) Em 11/11/10, a BMW X6 passa pela Receita Federal, já em território brasileiro.

8) Em 29/11/10, é feito o registro do Renavam, no Detran, do carro que seria vendido a Emerson.

Preso acusado de participar de importação, supostamente irregular, de carros de luxo

PF prende suspeito de importar carros de luxo ilegalmente no Rio

MARCO ANTONIO MARTINS

DO RIO

Policiais federais prenderam, na madrugada desta quarta-feira, Haylton Scafura, filho do bicheiro José Carlos Scafura, o Piruinha, em um condomínio no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio.

Scafura é acusado de ser um dos chefes de um esquema de contrabando de carros e pedras preciosas para o Brasil com criminosos israelenses e russos.

O esquema foi revelado pela PF, em novembro do ano passado, na operação Black Ops. O mandado de prisão contra Scafura foi expedido pela 3 Vara Federal, do Rio.

Scafura foi encontrado por 20 policiais da Superintendência da PF, no Rio. Ele estava dentro de uma casa acompanhado de mais três pessoas. Duas delas também foram detidas. Elas são acusadas pelo Ministério Publico Federal de integrarem a quadrilha. Uma delas estava armada com uma pistola.

Aos policiais Scafura negou a participação no esquema de importação irregular de carros de luxo dos Estados Unidos.