Brasil foi o país mais protecionista em 2013, afirma OMC

Brasil é o nº 1 em medidas protecionistas, diz OMC

Relatório indica que país foi o que mais adotou barreiras a importados em 2013, seguido por Índia, EUA e Argentina

17 de fevereiro de 2014
Jamil Chade, correspondente de Genebra – O Estado de S.Paulo

O Brasil foi o país que adotou o maior número de medidas contra importados em 2013 no mundo, com um total de 39 aberturas de ações de antidumping. Os dados fazem parte de um informe preparado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e que alerta que o volume de novas barreiras no mundo no ano passado foi 30% superior ao número de 2012.

Os dados serão debatidos hoje em Genebra, numa reunião convocada para tratar do protecionismo no mundo. A OMC não acredita que exista um “surto” de protecionismo na economia mundial. Mas vai apelar aos governos para que coloquem o combate às barreiras como uma prioridade.

No total, 407 barreiras foram implementadas no mundo, 100 mais que em 2012. A OMC não entra numa avaliação se as medidas são ilegais ou não. Mas insiste que governos precisam continuar alertas diante das pressões protecionistas. No total, um fluxo de comércio equivalente a US$ 240 bilhões foi afetado pelas barreiras.

No que se refere ao Brasil, a OMC aponta que 39 novas investigações de dumping foram abertas pelo País em 12 meses. O segundo lugar ficou para a Índia, com 35 casos. Os americanos vêm na terceira posição, com 34 casos. O quarto lugar é da Argentina, com 19 casos.

Nos últimos dois anos, o Brasil já vem sendo duramente questionado na OMC por sua política comercial. Na semana passada, a Europa deu claras indicações de que vai recorrer aos juízes internacionais para julgar a política de incentivos fiscais do Brasil, numa ação que pode contar até mesmo com o apoio de Washington. Bruxelas alertou que programas como o de redução de IPI foram anunciados como medidas provisórias, mas acabaram se transformando em políticas industriais permanentes no Brasil

De fato, outra preocupação generalizada da OMC é de que as barreiras adotadas desde o início da crise, em 2008, não venham sendo retiradas com o mesmo ritmo das novas medidas protecionistas.

No mundo, as medidas adotadas por governos para facilitar o fluxo de bens despencaram em 2013, somando apenas 107 casos pelo mundo e 50 a menos que em 2012. No mesmo período, o número de países que atenderam ao pedido da OMC para detalhar as medidas comerciais adotadas no ano caiu de 39 em 2012 para 35 em 2013. Quatro de cada cinco membros da OMC nem sequer comunicou à entidade o que tem feito em termos de medidas comerciais.

Em entrevista ao Estado no fim de 2013, o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, já havia afirmado que um dos problemas desde o início da crise mundial em 2008 é que 80% das medidas para barrar o comércio e declaradas como iniciativas “temporárias” na realidade jamais foram desmontadas. O temor de especialistas é que, uma vez implementadas, as barreiras não serão mais eliminadas.

O que a OMC também constatou é que o número de acordos bilaterais e regionais de comércio continua em plena expansão. Apenas em 2013, houve 23 novos tratados, fazendo com que o total atingisse 250. Segundo a entidade, um número elevado continua sendo negociado, no que pode ser um obstáculo para a OMC continuar a ser o foco do comércio mundial e do estabelecimento de regras.

Comércio. No que se refere ao fluxo de bens em 2013, a OMC não esconde que a taxa de expansão ficou abaixo de 2,5%, sua previsão inicial para o ano. Segundo a entidade, se não fosse pelos países emergentes, o comércio global teria encolhido, um cenário que teria repetido a crise de 2009.

Para 2014, a OMC destaca uma aceleração nos fluxos de bens. Mas diz que a taxa deve ficar abaixo da média dos últimos 25 anos, quando o crescimento foi de 5,5%. Para este ano, o melhor cenário aponta uma expansão de 4,5%.

Excelente Notícia: A UE vem com tudo contra o Inovar-Auto

Uma excelente notícia foi veiculada hoje no blog de Jamil Chade (abaixo transcrita), dando conta da ação movida pela União Europeia nos tribunais da OMC contra a política brasileira voltada para o setor automotivo.

O objetivo da ação é punir o Brasil pelo caráter protecionismo da medida, que travestida de política de estímulo à indústria automobilística, criou obrigações paralelas para a obtenção da redução do IPI incidente sobre os automóveis.

A esperança reside, agora, numa célere decisão por parte da OMC.

Segue notícia:

Europa exige fim de redução de IPI nos carros e leva Brasil à OMC

No primeiro processo contra o Brasil em anos, Bruxelas acusa Brasil de protecionista e de dar apoio “proibido” às indústrias nacionais

 

O principal pilar da estratégia industrial e de exportação do governo Dilma Rousseff sofre um duro abalo. Hoje, a União Europeia anunciou que acionou os tribunais da Organização Mundial do Comércio contra a política de incentivos fiscais dados pelo Brasil, acusando as medidas adotadas de serem protecionistas e afetando os interesses das montadoras europeias.

Há anos os governos europeus e de outras regiões do mundo atacam as barreiras estabelecidas pelo Brasil. Mas, agora, esse será o primeiro questionamento nos órgãos legais da OMC contra o País desde o início da crise mundial, que eclodiu em 2008.

A disputa aberta é contra as políticas de incentivos fiscais dados pelo Brasil a diversos exportadores, como isenção tributária em vários setores. Para a Europa, essa ajuda é “proibida” pelas regras internacionais do comércio e quer que o governo Dilma retire essas iniciativas. Mas é setor automotivo que está no centro da nova crise.

O governo brasileiro insistiu por anos que suas medidas eram legais. Mas, agora, o governo Dilma tem o centro de sua política industrial questionado.

“Nos últimos anos, o Brasil aumentou o uso de um sistema de impostos que é incompatível com suas obrigações na OMC, dando vantagens a indústrias domésticas e isolando elas da concorrência”, declarou a UE. “Isso é feito principalmente por isenções e redução de impostos”.

Em setembro de 2011, o governo estabeleceu um isenção de IPI para carros de montadoras que se comprometam a investir no País e comprem peças locais. Em 2012, o plano foi renovado por mais cinco anos, o que deixou Bruxelas, Washington e Tóquio irritados. Governos de países ricos alertavam já nos últimos meses que o discurso original do governo brasileiro em 2011 era de que esses incentivos seriam temporários. Agora, irão durar até 2017. Incentivos fiscais também foram dados para computadores, smartphones e semicondutores.

O governo brasileiro sempre alegou que as medidas beneficiavam montadoras europeias, justamente contra a concorrência asiática. Mas, segundo Bruxelas, as medidas adotadas por Dilma tem afetado as exportações do bloco. Em 2011, 857 mil carros foram importados ao mercado brasileiro. Em 2013, esse número caiu para 581 mil até outubro.

Num primeiro momento da disputa, europeus e brasileiros tentarão encontrar uma solução sem a participação de árbitros da OMC. Os governos terão 60 dias para chegar a uma “solução pacífica”. Mas, tradicionalmente, casos abertos em Genebra dificilmente são resolvidos nesse período.

Medidas antidumping para armações de óculos chinesas

Governo sobretaxa dois produtos importados da China 

O Diário Oficial da União publicou na edição de terça, dia 1º, resoluções que prorrogam o direito antidumping de pedivelas para bicicletas e armações de óculos, ambas provenientes da China. Pedivela é uma peça da bicicleta onde são instalados os pedais.

A Resolução nº 75 da Câmara de Comércio Exterior prorroga a sobretaxa, por até cinco anos, às importações da China de pedivelas fauber monobloco, para bicicletas classificadas no item 8714.96.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).

O direito antidumping tem como objetivo proteger o produtor nacional, ao evitar que seja prejudicado por importações feitas a preços de dumping, preços muito abaixo dos praticados no mercado do país importador, para eliminar a concorrência. No caso das pedivelas a sobretaxa será recolhida sob a forma de alíquota específica, no valor de US$ 1,56 por quilo.

O governo monitorará por um ano, em intervalos quadrimestrais, a produção das pedivelas pela indústria nacional para aferir o volume de produção, de vendas no mercado interno e o grau de utilização da capacidade instalada para verificar a necessidade de ajustes.

A outra resolução (n° 76) define a prorrogação do direito antidumping, por prazo de até cinco anos, às importações brasileiras da China de armações para óculos, com ou sem lentes corretoras, classificadas nos itens 9003.11.00, 9003.19.10, 9003.19.90, 9004.90.10 e 9004.90.90 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).

A sobretaxa será recolhida sob a forma de alíquota de US$ 270,56 por quilo, limitado às armações para óculos com preço igual ou inferior a US$ 11,44 por peça, incluídas as despesas com frete e seguro. Segundo o ministério, a resolução define ainda que o direito antidumping aplicado não poderá ser superior a US$ 4,87 por peça.

Estão excluídos da medida os equipamentos de proteção individual, como óculos de segurança, de soldagem e de laboratório. Também estão excluídos os óculos para prática de esportes, como óculos de natação, de mergulho, de pesca e de esqui, os óculos para maquiagem e os óculos 3D para visualização de filmes em terceira dimensão.

Mais pressão em cima do protecionismo brasileiro

Desonerações fiscais do país são questionadas na OMC

Estados Unidos, União Europeia (UE) e Japão vão manter nesta semana pressão sobre o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa de estímulos a vários setores da economia vinculados à exigência de conteúdo local. Americanos, europeus e japoneses colocaram novos questionamentos ao Brasil na agenda do Comitê de Medidas de Comércio relacionadas a Investimentos (Trims, na sigla em inglês), que se reúne na sexta-feira, numa ação que se repete desde o ano passado.

Washington, Bruxelas e Tóquio têm acusado o Brasil de “proliferação de desonerações” fiscais vinculadas à exigência de conteúdo local, no que suspeitam ser parte de uma política mais ampla para “a indústria nacional e para dar apoio proibido a exportadores”.

A exigência de conteúdo local é proibida pelas regras de comércio exterior da OMC. É esse tipo de queixa que domina a agenda do Trims, com reclamações, às vezes recíprocas, envolvendo também EUA, UE, Índia, Indonésia, Rússia, Ucrânia e Uruguai. No caso do Brasil, os alvos principais das queixas são as ajudas para modernização na área de telecomunicações, além de benefícios às indústrias de fertilizantes, de semicondutores, automotiva, entre outras atividades.

Apesar das respostas brasileiras nas reuniões periódicas do Trims, EUA, União Europeia e Japão continuam insatisfeitos, sinalizando que não vão cessar os questionamentos à OMC. Os parceiros alegam que o governo brasileiro dá desoneração fiscal para vários setores da indústria, de forma a discriminar o produto estrangeiro. Reclamam que o problema aumenta com a ampliação de isenção de impostos para companhias exportadoras, elevando o número de potenciais empresas beneficiadas.

Fontes de Brasília notam, por sua vez, que o programa Brasil Maior é tão amplo que, provavelmente, o Brasil vem “apanhando” na OMC por medidas que talvez nem tenham sido implementadas ainda.

Mais pressão em cima do protecionismo brasileiro

Desonerações fiscais do país são questionadas na OMC

Estados Unidos, União Europeia (UE) e Japão vão manter nesta semana pressão sobre o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa de estímulos a vários setores da economia vinculados à exigência de conteúdo local. Americanos, europeus e japoneses colocaram novos questionamentos ao Brasil na agenda do Comitê de Medidas de Comércio relacionadas a Investimentos (Trims, na sigla em inglês), que se reúne na sexta-feira, numa ação que se repete desde o ano passado.

Washington, Bruxelas e Tóquio têm acusado o Brasil de “proliferação de desonerações” fiscais vinculadas à exigência de conteúdo local, no que suspeitam ser parte de uma política mais ampla para “a indústria nacional e para dar apoio proibido a exportadores”.

A exigência de conteúdo local é proibida pelas regras de comércio exterior da OMC. É esse tipo de queixa que domina a agenda do Trims, com reclamações, às vezes recíprocas, envolvendo também EUA, UE, Índia, Indonésia, Rússia, Ucrânia e Uruguai. No caso do Brasil, os alvos principais das queixas são as ajudas para modernização na área de telecomunicações, além de benefícios às indústrias de fertilizantes, de semicondutores, automotiva, entre outras atividades.

Apesar das respostas brasileiras nas reuniões periódicas do Trims, EUA, União Europeia e Japão continuam insatisfeitos, sinalizando que não vão cessar os questionamentos à OMC. Os parceiros alegam que o governo brasileiro dá desoneração fiscal para vários setores da indústria, de forma a discriminar o produto estrangeiro. Reclamam que o problema aumenta com a ampliação de isenção de impostos para companhias exportadoras, elevando o número de potenciais empresas beneficiadas.

Fontes de Brasília notam, por sua vez, que o programa Brasil Maior é tão amplo que, provavelmente, o Brasil vem “apanhando” na OMC por medidas que talvez nem tenham sido implementadas ainda.

O Brasil só é liberal quando interessa…

Fábrica de chip de Eike e BNDES poderá importar máquina usada

Texto publicado no início do mês facilita a importação de máquinas e equipamentos usados por parte de empresas beneficiadas pelo programa de desenvolvimento da indústria de semicondutores (Padis); Abimaq critica mudança nas regras

20 de setembro de 2013
Mariana Durão – O Estado de S.Paulo

RIO – Uma portaria publicada no início do mês pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) facilitará a importação de máquinas, equipamentos e bens de consumo usados para projetos beneficiários do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis). A maior beneficiada é a SIX Semicondutores, fábrica de chips em construção em Ribeirão das Neves (MG). 

Considerado estratégico pelo governo, o projeto enfrenta um revés com a crise da EBX, principal acionista da SIX ao lado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A alteração permite que a unidade, projetada para fabricar semicondutores de uso específico, traga de fora bens de capital usados.   
A medida revoga artigos de uma portaria de 1991, que impõe condições para a importação de equipamentos usados, como a inexistência de similar nacional e a realização de consulta pública à indústria local para atestar que há produção no País. Também elimina o veto à compra no exterior de bens de consumo usados.

De acordo com o diretor de Indústrias de Base Tecnológica do MDIC, Alexandre Cabral, a portaria é mais um ajuste do programa para facilitar o despacho aduaneiro nessa cadeia, cujo conteúdo local é muito baixo. A estimativa de Cabral, com base em dados de mercado, é que o custo de máquinas usadas seja ao menos 40% inferior ao do equipamento novo.

O Padis zera as alíquotas de PIS/PASEP e Cofins, incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda doméstica de circuitos integrados. O mesmo vale para imposto de importação e IPI incidentes na importação de máquinas, aparelhos, instrumentos, equipamentos e software.

Remendo. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) critica a portaria, classificada de “remendo” pelo diretor executivo de tecnologia, João Alfredo Delgado. Embora admita que a produção local de maquinário para a indústria de microeletrônica é quase nula, ele acredita ser desnecessário criar um regime especial. “Já existe uma legislação (para importar usados). Não há por que não segui-la”, afirma.

A Abimaq teme que, sem passar pelo crivo de uma consulta pública, as importações acabem incluindo não só equipamentos sem similar, mas fábricas inteiras, com itens que poderiam ser adquiridos no Brasil, como prensas. A associação pretende encaminhar uma carta ao MDIC em protesto.

O ministério diz que projetos de semicondutores que prevejam o uso de bens usados, caso da SIX, serão previamente analisados pelos técnicos. “Isso nos dá confiança de que não estamos abrindo uma importação desenfreada”, diz Cabral. No caso da SIX, ele estima que 30% do que será importado passará por retrofit (reforma), processo que recupera itens desgastados. Nem o ministério, nem a SIX informaram o porcentual do maquinário que virá de fora do País.

Para Delgado, da Abimaq, há uma “questão filosófica” envolvida: “Qual a probabilidade de estarmos na vanguarda trazendo máquinas que foram desativadas e substituídas em outro país? Vamos ter uma fábrica, mas não uma indústria de semicondutores”, questiona.

A crítica é rebatida pelo professor doutor do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Wagner Rodrigues. “O ambiente da microeletrônica é muito competitivo e há uma rotatividade gigantesca. É praxe comprar máquinas de fábricas fechadas. É vital para semicondutores, onde os custos são caríssimos”, afirma.

Hoje, há grupos internacionais especializados em reformar (ou “retrofitar”) equipamentos do setor.

Pesquisador da área, Rodrigues comemora a desburocratização da compra de usados, uma restrição que reduz a competitividade brasileira, em sua opinião. “Um dos motivos pelo qual a Ceitec ainda está patinando foi a exigência de comprar material zero”, diz, em referência à estatal criada há 13 anos no Rio Grande do Sul, para atuar no mercado global de circuitos integrados. Produzindo chips para rastreabilidade bovina e de passaportes, a Ceitec já consumiu cerca de R$ 600 milhões, mas até hoje não saiu do vermelho.

Ex-economista do Banco Mundial e presidente da Inter.B Consultoria, Cláudio Frischtak diz que proibir a importação de bens de capital usados – a regra no Brasil – é um conceito distorcido e resquício da política de substituição de importações. No entanto, taxa a portaria 279 de casuísta. “Se o governo quer avançar deveria fazer uma modificação ampla, que abrangesse toda a atividade de pesquisa e desenvolvimento no País”, diz.

Frischtak critica o investimento estatal em projetos como Ceitec e SIX – a fábrica mineira já recebeu aporte de R$ 245 milhões do BNDES pela fatia de 33% na empresa. O banco financiará outros R$ 267 milhões do projeto e a Finep mais R$ 202 milhões. “O Brasil perdeu esse bonde há 40 anos, quando deixou de formar engenheiros e físicos. Não basta fabricar, é preciso vender. Se há oportunidade, deixem para o setor privado “, diz

Procurados, o BNDES e a SIX não comentaram o assunto.

Prorrogação do Inovar-Auto será definida apenas pelo próximo governo

Fonte: Estado de São Paulo

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, rejeita uma sinalização, neste momento, de que o regime especial de benefícios para instalações de empresas automobilísticas estrangeiras no País seja prorrogado depois de 2017, quando expira. Segundo Pimentel, somente “à época” e “pelo governo que for eleito no ano que vem” é que a questão será decidida.

“O governo que for eleito no ano que vem vai avaliar, na época certa, se renova nas mesmas condições, se muda alguma coisa no regime ou se o regime deixa de ser necessário”, declarou Pimentel sobre o Inovar-Auto. “Porque se as fábricas que vierem pra cá tiverem o sucesso que estão imaginando e que nós desejamos, de repente, nem precisa mais de regime automotivo”, emendou.

O ministro lembrou que “este é um regime de transição, usado quando você quer atrair um investimento, torná-lo sólido, torná-lo permanente e, de repente, você pode avaliar que ele não é mais necessário. Mas isso vai ser feito ao seu tempo, lá em 2017”.

As declarações de Pimentel foram dadas depois de audiência com a presidente Dilma Rousseff e o presidente mundial da Audi, Rupert Stadler. O ministro aproveitou para comemorar que a Audi é a nona fábrica de automóveis que chega ao Brasil desde que o Inovar-Auto foi lançado. “Estamos muito satisfeitos. Isso mostra que o esforço que nós fizemos foi bem-sucedido e as empresas estão, de fato, vindo e, as que já estavam aqui, expandindo suas atividades. O Inovar-Auto é o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores.

“O regime demonstrou que foi um sucesso e, o importante é que o Inovar-auto conseguiu seu objetivo, que era internalizar a produção de veículos em todos os segmentos no Brasil”, afirmou. Na visão de Pimentel, “se não tivéssemos criado o regime, nós estaríamos, provavelmente, com metade do nosso mercado ocupado por carros importados, o que não faz sentido em um país que tem indústria automobilística instalada, antiga e sólida, e que tem um mercado desse tamanho, o quarto mercado do mundo de automóveis”. 

Indústria brasileira é contra redução de imposto de importação

Setores pressionam para manter imposto maior de importação

O objetivo é evitar que, em 1º de outubro, o imposto de importação de 100 produtos volte ao patamar normal

11 de setembro de 2013
RENATA VERÍSSIMO / BRASÍLIA – O Estado de S.Paulo

O governo está tentando acomodar a pressão de alguns setores que desejam que o Imposto de Importação de alguns bens de capital não retornem ao patamar original. No dia 1º de outubro, as tarifas de 100 produtos que foram elevadas há um ano cairão para os porcentuais cobrados pelo Mercosul sobre as importações de países que não pertencem ao bloco.

Uma fonte do governo disse, no entanto, que há uma discussão sobre a possibilidade de acomodar uma parcela desses itens na Lista de Exceção permanente à Tarifa Externa Comum (LeTEC). Estão em estudo entre 10 e 15 produtos, basicamente bens de capital.

A fonte ressalta que a discussão ainda levará de dois a três meses. Ainda assim, não há garantia de que os produtos terão o imposto elevado porque há uma disputa grande por uma vaga na Lista de Exceção.

Por isso, está mantido o anúncio do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que os 100 produtos voltarão a ter tarifas de importação menores a partir do próximo mês. Os produtos atingidos pela decisão são principalmente insumos para a indústria. Grande parte das alíquotas, atualmente entre 20% e 25%, cairá para entre 10% e 18%.

O Imposto de Importação vale para as compras brasileiras de países que não pertencem ao Mercosul. Quando o produto é colocado em Lista de Exceção, o Brasil pode praticar uma alíquota diferente dos parceiros do bloco. Cada País tem direito à uma lista permanente de 100 itens, mas em função da crise internacional e do acirramento da concorrência, o Mercosul aprovou a criação de uma lista temporária de até 200 produtos. O Brasil estava usando apenas 100 vagas nesta nova relação, que tem validade de 12 meses.

A possibilidade de remanejar alguns produtos que estão na lista que vence no final do mês estava na pauta da reunião de anteontem da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Entretanto, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que o assunto foi retirado de pauta e “uma análise para verificar se é pertinente a manutenção de determinados bens”, ocorrerá em outra ocasião.

O Ministério da Fazenda informou que, com a retirada do assunto da pauta da Camex, vale o prazo estabelecido originalmente, ou seja: a partir de 1º de outubro os 100 produtos voltarão à alíquota original. A decisão de não renovar a lista teve como objetivo ajudar o controle da inflação no cenário atual de valorização do dólar, mais favorável para a indústria.

A equipe econômica quer evitar que o aumento do preço dos insumos importados seja repassado para o consumidor. Mas dentro do MDIC há uma avaliação de que alguns setores ainda precisam de proteção tarifária mesmo no quadro de alta do dólar.

Dilma, a protecionista, perde batalha no G-20

Em derrota para Dilma, G-20 prorroga pacto contra protecionismo

Por Assis Moreira | Valor Econômico
 
SÃO PETERSBURGO  –  A cúpula do G-20 inflingiu ao Brasil e à Argentina uma clara derrota ao estender por dois anos, até 2016, o pacto antiprotecionismo. Por esse compromisso, as maiores economias, que respondem por mais de 80% do comércio global, se comprometem a não adotar novas barreiras ao comércio e aos investimentos e a retirar barreiras impostas recentemente.

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff alegou que os emergentes perderam posição no comércio internacional não por causa do protecionismo ”e sim por quebra da demanda nos desenvolvidos e protecionismo indireto, como  políticas de desvalorização cambial para gerar superávit cambial” em certos países.

Dilma e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, compraram uma briga com o resto das outras grandes economias, tentando bloquear o compromisso.

Nas negociações entre os ”sherpas”, representantes pessoais dos líderes, o Brasil e a Argentina já tinham sido obrigados a flexibilizar, aceitando eventualmente estender o prazo do compromisso até 2015.

Mas os líderes insistiram e os dois países, na quinta-feira à noite, concordaram com o prazo de 2016, conforme Maxim Medvedved, um dos negociadores russos.

A declaração final da cúpula do G-20 menciona a nova data. A questão que ficou é por que o Brasil escolheu se isolar nesse tema, quando sabia que não tinha força para bloquear o compromisso?

Na entrevista desta sexta-feira, no aeroporto, Dilma disse que o país repudia o protecionismo, inclusive por novas formas, que ela exemplifica no caso de políticas monetárias não convencionais – que derrubaram o valor de moedas de desenvolvidos, favorecendo suas exportações.

“Há uma concordância geral no G-20 de que a redução do comércio prejudica todos os países”, disse a presidente, mas ela insistiu que um estudo dos emergentes mostra que esses países perderam posição no comércio por causa de políticas das nações ricas.

Dilma vê risco de reversão na recuperação dos EUA

A presidente Dilma Rousseff saiu da cúpula do G-20 dizendo que a constatação do grupo foi de que a recuperação ainda é frágil nos Estados Unidos e na zona do euro, e “o momento exige politicas de expansão”.

Para a presidente, a recuperação nos países mais ricos pode sofrer ainda uma reversão e voltar a piorar. “É  preciso combinar estabilidade com expansão, principalmente os que tem superávits em suas balanças (exterior), ou situação fiscal mais equilibrada”, cobrou a presidente, numa aparente referência a países como a Alemanha.

A presidente afirmou ainda que defendeu, durante a reunião do G-20, cuidado com a retirada de politicas monetárias não convencionais, pelas consequências em outras economias. Relatou ter havido queixa generalizada por parte dos emergentes, nesse aspecto.

O Brasil e os outros emergentes cobraram também que seja respeitado o compromisso no Fundo Monetário Internacional (FMI), para aumento de cotas, e portanto de poder, dos emergentes na instituição, com base no tamanho do PIB.

Para Dilma, isso é importante também para diminuir o déficit de legitimidade do FMI.

Os líderes do G-20 adotaram um “Plano de Ação de São Petersburgo” com flexibilidade fiscal, compromissos na política monetária e no câmbio, além de redefinir uma agenda de reformas estruturais “mais concretas e ambiciosas”.

O grupo constata no documento que, de fato, a recuperação econômica “continua muito fraca e os riscos inclinando-se para o lado negativo”. A avaliação é de que a demanda privada melhorou nos Estados Unidos, surgem sinais de recuperação na zona do euro e o crescimento nos emergentes ainda continua, embora em ritmo mais lento. No entanto, ao mesmo tempo, as perspectivas de crescimento para 2013 têm sido baixas, as disparidades de expansão regional continuam grandes e o desemprego, sobretudo entre os jovens, permanece “inaceitavelmente” elevado.

Dilma, a protecionista, perde batalha no G-20

Em derrota para Dilma, G-20 prorroga pacto contra protecionismo

Por Assis Moreira | Valor Econômico
 
SÃO PETERSBURGO  –  A cúpula do G-20 inflingiu ao Brasil e à Argentina uma clara derrota ao estender por dois anos, até 2016, o pacto antiprotecionismo. Por esse compromisso, as maiores economias, que respondem por mais de 80% do comércio global, se comprometem a não adotar novas barreiras ao comércio e aos investimentos e a retirar barreiras impostas recentemente.

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff alegou que os emergentes perderam posição no comércio internacional não por causa do protecionismo ”e sim por quebra da demanda nos desenvolvidos e protecionismo indireto, como  políticas de desvalorização cambial para gerar superávit cambial” em certos países.

Dilma e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, compraram uma briga com o resto das outras grandes economias, tentando bloquear o compromisso.

Nas negociações entre os ”sherpas”, representantes pessoais dos líderes, o Brasil e a Argentina já tinham sido obrigados a flexibilizar, aceitando eventualmente estender o prazo do compromisso até 2015.

Mas os líderes insistiram e os dois países, na quinta-feira à noite, concordaram com o prazo de 2016, conforme Maxim Medvedved, um dos negociadores russos.

A declaração final da cúpula do G-20 menciona a nova data. A questão que ficou é por que o Brasil escolheu se isolar nesse tema, quando sabia que não tinha força para bloquear o compromisso?

Na entrevista desta sexta-feira, no aeroporto, Dilma disse que o país repudia o protecionismo, inclusive por novas formas, que ela exemplifica no caso de políticas monetárias não convencionais – que derrubaram o valor de moedas de desenvolvidos, favorecendo suas exportações.

“Há uma concordância geral no G-20 de que a redução do comércio prejudica todos os países”, disse a presidente, mas ela insistiu que um estudo dos emergentes mostra que esses países perderam posição no comércio por causa de políticas das nações ricas.

Dilma vê risco de reversão na recuperação dos EUA

A presidente Dilma Rousseff saiu da cúpula do G-20 dizendo que a constatação do grupo foi de que a recuperação ainda é frágil nos Estados Unidos e na zona do euro, e “o momento exige politicas de expansão”.

Para a presidente, a recuperação nos países mais ricos pode sofrer ainda uma reversão e voltar a piorar. “É  preciso combinar estabilidade com expansão, principalmente os que tem superávits em suas balanças (exterior), ou situação fiscal mais equilibrada”, cobrou a presidente, numa aparente referência a países como a Alemanha.

A presidente afirmou ainda que defendeu, durante a reunião do G-20, cuidado com a retirada de politicas monetárias não convencionais, pelas consequências em outras economias. Relatou ter havido queixa generalizada por parte dos emergentes, nesse aspecto.

O Brasil e os outros emergentes cobraram também que seja respeitado o compromisso no Fundo Monetário Internacional (FMI), para aumento de cotas, e portanto de poder, dos emergentes na instituição, com base no tamanho do PIB.

Para Dilma, isso é importante também para diminuir o déficit de legitimidade do FMI.

Os líderes do G-20 adotaram um “Plano de Ação de São Petersburgo” com flexibilidade fiscal, compromissos na política monetária e no câmbio, além de redefinir uma agenda de reformas estruturais “mais concretas e ambiciosas”.

O grupo constata no documento que, de fato, a recuperação econômica “continua muito fraca e os riscos inclinando-se para o lado negativo”. A avaliação é de que a demanda privada melhorou nos Estados Unidos, surgem sinais de recuperação na zona do euro e o crescimento nos emergentes ainda continua, embora em ritmo mais lento. No entanto, ao mesmo tempo, as perspectivas de crescimento para 2013 têm sido baixas, as disparidades de expansão regional continuam grandes e o desemprego, sobretudo entre os jovens, permanece “inaceitavelmente” elevado.